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Refugiados venezuelanos no Vale do Aço são tema de documentário e premiação

(Divulgação)
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A saga de 37 famílias venezuelanas que optam pela imigração para o município do Vale do Aço é tema do documentário “Refugiados – Vai Ficar Tudo Bem”, produzido pela Vídeo-Plus e dirigido por Sávio Tarso, com assistência de direção de Matícia Alves. 

O média-metragem, produzido com recursos de Lei Aldir Blanc, narra em 41 minutos a aventura dos Venezuelanos que, através do Projeto Acolhida do Governo Brasileiro, atravessaram as fronteiras do país e seguiram para o interior de Minas Gerais. 

O lançamento ocorreu na última terça-feira, 15/06, às 19h30, no salão cultural da Igreja de Jesus Cristo do Santos dos Últimos Dias no centro de Ipatinga. A exibição será exclusiva para a equipe, entrevistados e colaboradores da produção.

Durante o lançamento, foi entregue o “Prêmio de Ajuda Humanitária”, oferecido pela Igreja de Jesus Cristo às pessoas que já são engajadas em ações voltadas para necessidades de instituições e da comunidade e que além disso, contribuíram e acolheram de maneira significativa o Projeto Acolhida. Visto que houve um grande empenho e dedicação de muitos membros, amigos da Igreja e muitas pessoas da comunidade, foi um trabalho de união e de muito amor. 

O diretor Sávio Tarso explicou a motivação para filmar essa temática. “No ano de 2019, me deparei com várias famílias venezuelanas embarcando para Ipatinga na rodoviária de BH. Aquela imagem me impressionou muito pela quantidade de pessoas de outro país viajando para uma cidade do interior de Minas. Logo quis saber o que estava por trás daquela cena incomum. Foi deste modo que surgiu meu interesse em retratar a história dessa gente. Parecia algo muito especial, até mesmo porque a imigração é o fator preponderante da nossa formação demográfica da nossa região”.

De acordo com o diretor, a primeira indagação era porquê aquelas famílias optaram pelo interior do Brasil. E após vários contatos com os próprios refugiados, a equipe do documentário chegou até os membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que, em conjunto com outras instituições internacionais como a Cruz Vermelha e a Caritas Internacional, participou do Projeto Acolhida do Governo Federal.

O objetivo do projeto do Governo era dar assistência para as milhares de famílias venezuelanas que atravessaram as fronteiras de seu país fugindo do caos humanitário, dando uma nova oportunidade aos refugiados que se encontravam em precárias condições de vida no estado de Roraima, redirecionando-os para outros estados do Brasil.

A partir daí, membros da Igreja de Jesus Cristo em Ipatinga se prontificaram em amparar os venezuelanos em diversas cidades como Mesquita, Santana do Paraíso, Coronel Fabriciano, Timóteo além de Ipatinga

Heriton Santos Campos, líder regional da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, falou sobre o engajamento com a causa dos refugiados. “A nossa igreja, outras religiões, empresários e o Governo Federal fizeram o trabalho de interiorização para que essas pessoas pudessem ter uma nova oportunidade de recomeçar a vida profissional e familiar”. Segundo ele, a história inicial da Igreja de Jesus Cristo nos Estados Unidos, país de origem da religião, tem a ver com a imigração. “Agora é uma benção poder participar dessa ajuda humanitária, ou seja, colocar em prática as lições do nosso mestre Jesus Cristo”, diz Heriton.

Além da Igreja de Jesus Cristo, diversos empresários locais, entidades regionais como a FIEMG, Rotary Club e voluntários apoiam a missão de acolher os refugiados. Mutirões de solidariedade se formaram para alugar imóveis, mobilhar casas, providenciar roupas, alimentos e remédios para os recém-chegados.

 

DOCUMENTÁRIO BILÍNGUE 

Umas das principais dificuldades para gravar as cenas e os depoimentos foi a barreira linguística. Apesar da proximidade com o espanhol, os imigrantes apontaram o aprendizado do português como o primeiro grande desafio ao entrarem no Brasil. Para obter profundidade nas entrevistas, o documentário contou com a assistência de direção da geógrafa Matícia Alves que acompanhou de perto o drama dos refugiados.

“Em 2018, visitei o acampamento da ACNUR – Agência da ONU para Refugiados, e uma casa abandonada que servia de abrigo clandestino em Roraima. Havia muitas mulheres e crianças, que apesar de já estarem sendo abrigadas e alimentadas, revelavam muito sofrimento no rosto devido à situação na Venezuela e a difícil trajetória até a capital Boa Vista. O sentimento predominante foi de angústia. Me perguntava o que seria daquelas pessoas em um futuro próximo” revelou a geógrafa.

Matícia atuou como intérprete da equipe de produção e filmagem. Sobre a tarefa de entrevistar e traduzir fielmente as impressões dos venezuelanos no Vale do Aço. Ela afirmou que foi “tocada” pelos sentimentos que se passavam enquanto as histórias eram contadas”, e acrescenta, “difícil não se surpreender com a dor das pessoas ao relatar o desespero durante a trajetória até Minas Gerais e o sorriso com o alívio da chegada. São histórias bonitas de acolhimento e solidariedade”, diz Matícia. 

 

VAI FICAR TUDO BEM

O roteiro do documentário se baseia no sonho de um personagem em especial. O jovem Jonathan Mendonza, 19 anos. Antes de viajar ao Brasil, ele estava muito apreensivo com a aventura de deixar a sua terra natal rumo ao desconhecido. Certa noite, após muitas orações, sonhou que na chegada foi recepcionado por uma mulher gentil que o abraçou e disse com clareza a seguinte frase: “vai ficar tudo bem”. Após um verdadeiro calvário com longas viagens de ônibus, esperas intermináveis e pontes áreas até chegar em Ipatinga, Jonathan se surpreendeu no acolhimento da sua família ao se deparar com o casal de membros da Igreja de Jesus Cristo, Patrícia e Odilon Faria. Ele chamou o seu pai para uma conversa particular, lhe confidenciou o seu sonho. “E recordo que nessa noite sonhei com muitas pessoas eu não as conhecia nunca as havia visto antes. E, além disso, falavam uma língua que eu não entendia. Imediatamente eu pensei: é algo novo, Português. E, depois de um tempo no sonho, conheci uma mulher. Falei com ela. Quando acordei tomei a decisão de vir com a minha família para o Brasil. Depois de um tempo, quando cheguei em Ipatinga, conheci a Patrícia. Eu imediatamente a reconheci. Ela era a mulher que estava no meu sonho me dizendo: vai ficar tudo bem!

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