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Cirurgia é realizada de forma inédita no Hospital Carlos Chagas, em Itabira

(Reprodução)
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Procedimento realizado por videolaparoscopia é realizado em quem sofre de acalasia
idiopática, doença que acomete o esôfago causando dores e dificuldade de engolir
alimentos

A ex-monitora escolar Nirlene de Oliveira, 31 anos, moradora da zona rural de
Senhora do Carmo, distrito de Itabira, na região leste de Minas Gerais, está
vivendo momentos de felicidade e alívio nos últimos dias por um motivo que,
para muitos, pode parecer simples, mas para ela é uma vitória. Ela voltou a
ingerir alimentos sem sentir dores. Diagnosticada com acalasia idiopática, uma
doença que ataca o esôfago, Nirlene foi uma das primeiras a realizar uma
cirurgia inédita no Hospital Carlos Chagas.

“Não estou me contendo de tanta felicidade. Nos primeiros dias após a cirurgia
eu já comecei a ingerir alimentos pastosos sem dores e agora já começo a
comer arroz e carne de frango sem precisar empurrar o alimento com muita
água ou sentir dores. Daqui a pouco, se Deus quiser, já estarei comendo carne
de boi e de porco, que eu adoro”, conta Nirlene.

A cirurgia minimamente invasiva foi feita por videolaparoscopia pela equipe do
Hospital Carlos Chagas e está sendo comemorada pelos médicos. “A cirurgia
por vídeo é simples e leva em média duas horas, mas de grande ajuda aos
nossos pacientes. Ela oferece mais qualidade de vida a quem sofre com a
doença que ataca o esôfago e tem extrema dificuldade para engolir. Estamos
muito empolgados em poder proporcionar conforto e bem-estar a quem
precisa”, pontua Dr. Adriano Guimarães Franco, cirurgião-geral da Fundação
São Francisco Xavier, administradora do Hospital Municipal Carlos Chagas
(HMCC).

Segundo o cirurgião, a acalasia idiopática é uma doença que afeta o esôfago e
se caracteriza pela ausência de contrações musculares coordenadas e pela
falta de relaxamento que interfere no funcionamento da cárdia, dificultando a
passagem dos alimentos para o estômago. "A doença causa dificuldade de
passagem do alimento do esôfago para o estômago e o paciente tem a
sensação de entalo, o alimento não desce e, muitas vezes, até volta. Essa
sensação é causada pela constrição no esôfago, que não deixa o alimento
passar. É comum esses pacientes tentarem se alimentar somente com
líquidos", explica Adriano.

Luta e alívio

Há mais de três anos Nirlene lutava com dores para engolir e chegou a perder
17 quilos. “Eu não conseguia engolir direito quase nada. Até água me doía. Se
comesse alguma coisa sólida eu tinha que pressionar o meu esôfago para que
o alimento descesse.  Eu também tinha ânsia de vômito, queimação, refluxo e
a sensação de garganta queimando. Era uma dor insuportável. Cheguei a ficar
sem ânimo para nada, quase fiquei deprimida”.

A luta foi ainda pior pela dificuldade de diagnóstico. “Fazia endoscopia e dava
gastrite e tive uma bactéria. Tratei com vários medicamentos e nenhum me
melhorava”, lembra.

Em fevereiro deste ano ela foi diagnosticada com o megaesôfago de grau 3 e
em agosto chegou ao HMCC. “Foram anos sofrendo e em três meses consegui
ajuda no Hospital e resolveram meu problema. Ainda sinto um pouco de
desconforto, mas já estou bem melhor. É um grande alívio. Todo mundo está
feliz em casa, meu marido e meu filho estão contentes em me ver bem. Até
estou dormindo melhor, eu roncava muito e acordava muitas vezes durante à
noite.

Sintomas

Segundo Dr. Adriano, com a progressão da acalasia sem tratamento, ocorre
uma obstrução à passagem do alimento, aumentando a pressão no interior do
corpo do esôfago e levando a retenção do material não digerido, o que pode
causar um remodelamento do esôfago. “Esse remodelamento é observado
clinicamente como uma dilatação esofágica, que pode se apresentar em graus
variados, sendo denominada megaesôfago”. E acrescenta. “O início do sintoma
é gradual. Mas, em todos os pacientes, apresenta disfagia para sólidos e
alguns graus variados de disfagia para líquidos”.

Os principais sintomas da acalasia são dificuldade para engolir sólidos e
líquidos, dor no peito, refluxo gástrico, tosse noturna, infecções das vias aéreas
e problemas respiratórios. Em muitos casos, o paciente também emagrece
muito devido à menor ingestão de alimentos e dificuldade de esvaziamento do
esôfago.

“Entre os fatores de risco para a acalasia, o principal deles é a doença de
chagas, que representa a segunda maior causa da doença após a forma
idiopática. A doença também pode ser causada por drogas, malignidade,
pseudo-obstrução intestinal crônica, insuficiência suprarrenal familiar, pós-
vagotomia”, finaliza o médico.

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