Pela primeira vez na história, as Olimpíadas de inverno recebe um atleta não-binário. O patinador americano Timothy LeDuc, de 31 anos, está prestes a fazer história.
Se atualmente o diz de viva voz, o caminho não foi fácil. Ao podcast ““My New Favorite Olympian” do mesmo jornal, explicou: “Há quem não entenda [a minha situação] e quem me colocaria rapidamente de volta na caixa. Olham para mim e veem-me com barba e com as características físicas de um homem e pensam: “Tu és um homem. Age como um homem. O que estás a fazer?”
Os obstáculos começaram desde logo na família, que é evangélica, e vive em Cedar Rapids (Iowa). Contou aos pais que era gay quando tinha 18 anos, e ouviu uma resposta de desaprovação: “Nós amamos-te, mas temos de mudar-te”. Ia várias vezes por semana à igreja, frequentada por um núcleo conservador que o considerava uma “abominação”.
Classificado para os Jogos de Pequim, o patinador vai competir na patinação artística ao lado da compatriota Ashley Cain-Gribble. A dupla pretende realizar uma performance que fuja do estereótipo Romeu e Julieta, muito comum na modalidade.
“Nós representamos uma narrativa totalmente diferente do que se vê na patinação artística, que traz aquela coisa do Romeu e Julieta, do homem forte e da mulher frágil. Nosso mantra é se apresentar como uma dupla de pessoas fortes, então vamos para o gelo com equidade de energia”, contou Timothy, em entrevista ao site oficial das Olimpíadas de Inverno de Pequim.
“Queremos que as pessoas assistam a dois atletas performando algo não tradicional nesse esporte, algo que faça as pessoas se sentirem melhores. Porque muitas vezes nós fomos advertidos que essa nossa performance não daria certo e nós conseguimos dar a volta por cima, mostrando ao mundo um novo estilo de patinação artística”, acrescentou Ashley Cain-Gribble.
A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim acontece nesta sexta-feira (04). A prova entre duplas da patinação artística acontecerá nos dias 18 e 19 de fevereiro.