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Em meio a indefinições de autoridades, Salvador terá que bater meta de 90% de vacinação recomendada pela Fiocruz para ter carnaval em 2022

(Reprodução/ O Globo)
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Com seus cordões que arrastam milhares de pessoas, camarotes disputados e afoxés, o carnaval de Salvador está em meio a uma polêmica. Um parecer da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) da Bahia entregue, na terça-feira, ao presidente da Comissão Especial de Acompanhamento da Retomada de Eventos, vereador Cláudio Tinoco (DEM), aponta que a festa só pode acontecer com 90% da população imunizados com pelo menos duas doses até a data do evento. Nessa hipótese, ganha força a tese de um calendário mais próximo do velho normal com camarotes e os blocos de rua e exigência do passaporte de vacinação, mas sem máscara e distanciamento. O prefeito Bruno Reis (DEM) corre para atingir o índice de vacinados e vai se reunir com o governdor Rui Costa (PT), que resiste à ideia, sob a alegação de que, em toda a Bahia, a proporção da população vacinada é menor e o fato de o estado ainda registrar cerca de 2.500 casos pessoas infectadas pelo coronavírus diariamente.

– A resistência é do estado. O carnaval é uma festa de extrema importância para a Bahia. São Paulo já definiu seu calendário e muitos artistas baianos já estão confirmando presença por lá, o que pode ser um caminho sem volta. Por indefinição do nosso carnaval, podemos perder essas atrações – diz Tinoco.

O debate está movimentando toda a indústria baiana voltada para a folia, que costuma durar 10 dias, incluindo o pré-carnaval, e reunir até 17 milhões de pessoas no período. A proposta de quem defende a realização do evento é de que ele, em 2022, seja um pouco menor e dure uma semana. O carnaval de Salvador movimenta cerca de R$ 1,8 bilhão, através de iniciativas públicas mas sobretudo negócios privados que envolvem camarotes, festas e venda de abadás. Só para se ter uma ideia, o orçamento anual do município gira em torno de R$ 8 bilhões.

Um dos mais conhecidos camarotes da festa, o Expresso 2222, organizado por Flora Gil, mulher de Gilberto Gil, já anunciou que não vai participar este ano. Muitos outros investidores estão sendo pressionados pelo tempo porque dependem de captar financiamento para oferecer os serviços. Mas, no caso de Flora Gil, ela declinou por acreditar que ainda não é o momento de aglomerações. Ela declarou que “tem medo de cooperar com a pandemia”.

– Precisamos decidir logo. As consequências podem ser danosas para a cidade e seus moradores. O carnaval é uma tradição de mais de 300 anos. Há blocos como o Ilê Aiyê que dependem de financiamento não só para o carnaval mas para manter projetos sociais que ajudam a comunidades carentes ao longo de todo o ano. Ao mesmo tempo, o carnaval é um “trade” importante para Salvador. Queremos que seja estabelecida uma posição e uma agenda com uma possível reanálise do caso em janeiro, quando teremos um quadro melhor da pandemia mais próximo da data da festa – afirma o presidente da Comissão Especial.

Tinoco diz que a taxa de imunização com as duas doses em Salvador está em torno de 75%, mas que na Região Metropolitana e em outras cidades esta proporção pode cair para 55%. Ele defende, entretanto, que a exigência de um cromprovante de vacinação será capaz de reduzir muito os riscos se, até o carnaval, 90% a 100% dos moradores da própria cidade estiverem vacinados. Tinoco também observa que, além da recomendação de percentual de vacinados, a Fiocruz sugere que sejam planejados dois cenários para a realização do evento, um deles prevendo o controle total da pandemia, que não teria restrições, e outro em que as atividades seriam restringidas. A meta de vacinação, de acordo com ele, tem sido prometida pela prefeitura.

O documento da Fiocruz, ao qual o GLOBO teve acesso, observa que a decisão sobre a realização ou não do carnaval, após o assunto ter sido discutido com o Observatório Covid-19 da Fiocruz, “dependerá do cenário no período que antecede o carnaval, a partir de janeiro. “Embora o cenário no Brasil esteja melhorando, não temos nenhuma garantia de que irá permancer do mesmo modo, como está ocorrendo agora na Europa. Há ainda muitas incertezas e tudo dependerá da evolução da pandemia nos próximos meses (dezembro com festas de fim de ano e janeiro com férias)”, diz a diretora do Instituto Gonçalo Muniz, Marilda de Souza Gonçalves.

Ela acrescenta ainda que a entidade trabalha com o parâmetro de pelo menos 80% da população com esquema vacinal completo para ter maior segurança, mas que, “considerando que o carnaval é um evento de massa”, a sugestão é que pelo menos 90% tenham sido vacinados. Ela ainda diz que a definição de uma programação poderia ser uma oportunidade para estimular a vacinação de todos, principalmente dos jovens. Um alerta importante feito pela entidade é que a exigência do passaporte vacinal é fundamental porque turistas dos EUA e da Europa podem considerar que o Brasil é um bom destino para grupos anti-vacinas.

Criada em agosto, a Comissão Especial deliberou, em outubro, que, diante da proximidade da data, que prefeitura e estado deveriam dar uma palavra final sobre o assunto até 15 de novembro, o que não aconteceu. Procurado ontem, o prefeito Bruno Reis de Salvador informou, através de sua assessoria, que o destino do carnaval no município depende das conversas que terá com o governador Rui Costa. O estado não se pronunciou sobre o assunto.

Pernambuco

O carnaval nas cidades de Recife e Olinda, ambas em Pernambuco, também permanece incerto. As administrações das duas cidades informaram que a folia ocorrerá apenas com o consentimento das autoridades sanitárias. As informações são da “Folha de São Paulo”.

A prefeitura do Recife informou que a decisão sobre a folia ficará a cargo das autoridades sanitárias por causa da pandemia de Covid-19. Em Olinda, a administração pública informou que vai seguir as recomendações do Ministério da Saúde e da Secretaria de Saúde de Pernambuco sobre realizar ou não a festa.

Fonte: O Globo

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